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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bem aventurados...

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos…”(Mateus 5:6).

Ao soar em nossas mentes as palavras desse fragmento do sermão da montanha, somos levados, imediatamente, as seguintes indagações: 1) Onde está a ênfase: a) na pessoa de quem tem apetite (desejo insaciável) por justiça, como um elogio, uma palavra de ânimo? b) na própria “justiça”, como algo essencial a ser buscado? c) ou na promessa da fartura, que redundará na felicidade (bem-aventurança) daquele que sofre pela Justiça? 2) Quando a promessa se cumprirá: na eternidade ou no tempo presente? 3) Qual o objetivo de tal declaração?

Não podemos nos descuidar de que tal bem-aventurança é proclamada pelo Senhor Jesus, no contexto do sermão do monte, onde de maneira incisiva, visceral, passa a revelar que sua missão implicaria na substituição da Lei pela Graça, ou seja, que a letra fria da lei seria substituída por seu comando, pelo cumprimento do seu espírito; que a religiosidade das solenidades vãs seria substituída pela vivência da Palavra.
Sob essa ótica, imaginar-se que a referência a “justiça” significa apenas uma exaltação à retidão moral, à lisura nos negócios ou na política, ou mesmo à eqüidade na distribuição das riquezas, seria reduzi-la a termos humanos, como se fosse possível a verdadeira e desejável Justiça, sem a noção de pecado ou da existência do próprio Deus, como pessoa interessada em relacionar-se intimamente conosco.

Bem entendido, pois, fome e sede de justiça têm muito mais a ver com o desejo de estar em plena comunhão com Deus, livre do domínio do pecado - não apenas dos atos externos, mas também daqueles que se processam no íntimo. A partir daí, reflexamente, como conseqüência, é que essas questões terrenas – que não são pequenas, é certo – passam a ser consideradas.
É inegável que a função imanente a todo cristão de ser “sal da terra” e “luz do mundo” conduz inevitavelmente à prática da justiça já em nossos dias. Todavia, a força das palavras em comento possui uma abrangência maior, superior; seu verdadeiro alcance dirige-se ao homem da eternidade, resgatado do Juízo eterno por meio da fé no poder substitutivo da Cruz de Cristo.

Por outro lado, a fome e sede por Justiça devem ser de tal ordem que nos conduza ao anelo intenso pela nossa identificação com a pessoa de Cristo. Veja que o filho pródigo enquanto apenas teve fome, procurou as bolotas jogadas aos porcos, mas somente quando estava em inanição foi que voltou para seu pai.

É isso: o desejo pela Justiça de Deus precisa ser prioridade, juntamente com a busca do seu Reino[1], de forma intensa e duradoura.
Por último, temos que a felicidade com a Justiça virá da fartura, da saciedade que só Deus pode proporcionar, a partir de cada um individualmente, aos que crêem no Poder que emana da cruz, como símbolo (e prova) do julgamento humano ao Deus encarnado, da ira de Deus pelo pecado, do preço do resgate, da reconciliação e da restauração da parte de Deus.

O homem sem Deus, sem a aplicação recorrente das Escrituras, por si só, jamais provará dessa bem-aventurança.

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“Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).

Por Elias Sader - www.fazchover.com.br

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